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terça-feira, 19 de maio de 2015

A luta Democrática - um circo romano


A base da "colaboração democrática" é a luta entre o Governo e a Oposição, e a Democracia vive do confronto entre defender e atacar uma proposta. 

Assim, não tem lógica democrática o Governo e a Oposição estarem de acordo pois, se há acordo, não há Oposição e a Democracia não funciona sem Oposição.

Num exemplo, a Oposição nunca poderia afirmar:


— O Governo criou emprego, baixou a inflação, melhorou o ensino, fez boas reformas, portanto, demitam-no e votem em nós!!!!



O conceito de "oposição" é opor-se. Não o fazer é perder a sua essência. Uma Oposição sem oposição não tem qualquer sentido.

No dia em que um deles colaborar, passa a pertencer ao "adversário", impedindo a Democracia de funcionar. Um militante que colabore com o partido "adversário" será censurado ou demitido.

Nesta perspectiva, quando se afirma que se colabora democraticamente significa que se vai lutar democraticamente. 

A Democracia é um circo romano

Este ponto de vista origina que o máximo da competência democrática estará em efectuar boas lutas democráticas e, quem o faz com eficácia, recebe palmas e ganha votos:

USA - Luta pela Presidência com espectadores a assistir

Em termos lógicos, o máximo de uma luta é a aniquilação do adversário, logo a Democracia vive de um bug, de um dilema democrático que é... quanto mais destruo o outro, mais colaboro democraticamente com ele.

Então, esta pretensa "colaboração democráticaa que se reduz? Reduz-se ao mero cumprimento de regras de jogo formais.

A máscara das regras a esconder a luta das acções

Qualquer luta é uma competição. Uma competição é um misto de colaboração e de anti-colaboração. Quer isto dizer que a competição precisa da colaboração mínima na aceitação de regras. Por exemplo, no futebol, o árbitro é o garante dessa colaboração mínima, a partir da qual não há mais colaboração possível, pois não se pode ajudar o "adversário" a jogar melhor.

Na competição, infringir as regras estabelecidas é "fazer batota" mas há uma pequenina diferença entre "ser dentro das regras", cumprindo o estabelecido, e "não ser dentro das regras" mas fazer o que não é proibido legalmente.

Este espaço lógico, zona cinzenta de possibilidades, origina um equilíbrio nebuloso entre  acções legais e acções não-ilegais, por exemplo, com actos não-ilegais mas não legalizados. 
Este bug é a porta aberta para as "fraudes não-ilegais" e para as "decisões legais e ilegitimas", potencialidades do mundo cinzento onde vivem os "predadores da Democracia".

Bullying na TV: legal ou não-ilegal?

Em conclusão, em Democracia, se o Governo ou a Oposição melhorassem as propostas mútuas, a alternância democrática (alicerce do modelo) seria enfraquecida na sua regra base em que [...os erros do outro são o sal da alternância].

Este bug da Democracia é um jogo de PERDE-PERDE, pois as consequências da luta democrática afectam a comunidade. Neste processo, o chamado vencedor tem a sua comunidade tão prejudicada como o perdedor, apenas ficará com o bonus de ser GOVERNO. É a chamada estratégia militar da "terra queimada".

No próximo post, discute-se este funcionamento aparentemente ilógico que tem a sustentá-lo uma lógica bem definida, a chamada LÓGICA DA PENEIRA.

Link para aprofundar os conceitos de colaboração/competição


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Indice do Blog
(com links para os posts já publicados)

Temporada 1 - Problemas
Votação democrática: tem a certeza?
No princípio era o caos

A viragem da civilização 
Fugindo da estupidez organizacional
A evolução aos "éssses 

Temporada 2 - Soluções?
Não guiar pelo espelho retrovisor

Morreu o consensus, viva o dissensus

A técnica do Jazz e o dissensus
E assim, co-labora ou morre

E por fim, a democracia da cumplicidade 
Aqui no futuro?

O 1º sonho

Video resumo: Nova Democracia

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